As Irmãs Fox
Em
11 de dezembro de 1847, a família Fox, de origem canadense, instalou-se
numa casa modesta em Hydesville, no estado de Nova Iorque. Distante
cerca de trinta quilômetros da cidade de Rochester.
O nome da
família Fox origina-se do sobrenome "Voss", depois "Foss" e finalmente
"Fox". Eram de origem alemã, por parte paterna; francesa, holandesa e
inglesa, por parte materna. O grupo compunha-se
do chefe da família, Sr. John D. Fox, da esposa Sra. Margareth Fox e de
mais duas filhas: Kate, com 11 e Margareth, com 14 anos de idade. O
casal possuía mais filhos e filhas. Entre estas, Leah, mais velha, que
morava em Rochester, onde lecionava música. Mais tarde Leah escreveria
um livro, "The Missing Link" (O Elo Perdido), no qual faz referência às
supostas faculdades paranormais de seus ancestrais.
Inicialmente, apenas Margareth e Kate tomaram parte nos acontecimentos
paranormais ocorridos naquela casa. Posteriormente, Leah juntou-se a
elas e teve participação ativa nos episódios subsequentes aos de
Hydesville. Conta a estória que as irmãs Fox conseguiam contactar o
mundo dos mortos, através de necromancia. Depois da experiência
sobrenatural que passaram em Hydesville.
Os acontecimentos de Hydesville
A fonte mais conhecida e divulgada sobre o ocorrido em Hydesville é o
depoimento da Sra. Margareth Fox que consta no livro História do
Espiritismo de Arthur Conan Doyle. Que assim foi narrado:
"Na
noite da primeira perturbação, todos nos levantamos, acendemos uma vela e
procuramos pela casa inteira, enquanto o barulho continuava a ser
ouvido quase que no mesmo lugar. Não muito alto, produzia um certo
movimento nas camas e cadeiras a ponto de notarmos quando deitadas. Era
um movimento trêmulo, mais para um abalo súbito, podíamos perceber o
abalo quando de pé no solo. Nessa noite continuou até que dormimos. Eu
não dormi até quase meia-noite. Os ruídos eram ouvidos por quase toda a
casa. Meu marido ficou à espera, fora da porta, enquanto eu me achava do
lado de dentro, e as batidas vieram da porta que estava entre nós.
Ouvimos passos na copa, e descendo a escada; não podíamos repousar,
então conclui que a casa deveria estar assombrada por um espírito
infeliz e sem repouso. Muitas vezes tinha ouvido falar desses casos, mas
nunca tinha testemunhado qualquer coisa no gênero, que não levasse para
o mesmo terreno.
Na noite de sexta-feira, 31 de março de 1848,
resolvemos ir para a cama um pouco mais cedo e não nos deixamos
perturbar pelos barulhos. íamos ter uma noite de repouso. Naquela noite
fomos cedo para a cama. Achava-me tão alquebrada e sem repouso que quase
me sentia doente. Meu marido não tinha ido para a cama quando ouvimos o
primeiro ruído naquela noite. Eu apenas havia deitado. A coisa começou
como de costume. Eu o distinguia de quaisquer outros ruídos jamais
ouvidos. As meninas, que dormiam em outra cama no quarto, ouviram as
batidas e procuraram fazer ruídos semelhantes, estalando os dedos.
Minha filha menor, Kate, disse, batendo palmas: "Senhor Pé-Rachado,
faça o que eu faço". Imediatamente seguiu-se o som, com o mesmo número
de palmadas. Quando ela parou, o som logo parou. Então Margareth disse
brincando: "Agora faça exatamente como eu. Conte um, dois, três, quatro"
e bateu palmas. Então os ruídos se produziram como antes. Ela teve medo
de repetir o ensaio. Então Kate disse, na sua simplicidade infantil:
"Oh! mamãe! eu já sei o que é. Amanhã é primeiro de abril e alguém quer
nos pregar uma mentira".
Então pensei em fazer um teste de que
ninguém seria capaz de responder. Pedi que fossem indicadas as idades de
meus filhos, sucessivamente. Instantaneamente foi dada a exata idade de
cada um, fazendo uma pausa de um para o outro, a fim de os separar.
Depois do que se fez uma pausa maior... três batidas mais fortes foram
dadas, correspondendo à idade do menor, que havia morrido.
Então perguntei: "É um ser humano que me responde tão corretamente?" Não
houve resposta. Perguntei: "É um Espírito? Se for dê duas batidas."
Duas batidas foram ouvidas assim que fiz o pedido. Então eu disse: "Se
foi um Espírito assassinado dê duas batidas". Estas foram dadas
instantaneamente, produzindo um tremor na casa. Perguntei: "Foi
assassinado nesta casa?" A resposta foi como a precedente. "A pessoa que
o assassinou ainda vive?" Resposta idêntica, por duas batidas.
Pelo mesmo processo verifiquei que fora um homem que o assassinara
nesta casa e os seus restos enterrados na adega; e que a sua família era
constituída de esposa e cinco filhos, dois rapazes e três meninas,
todos vivos ao tempo de sua morte, mas que depois a esposa morrera.
Então perguntei: "Continuará a bater se chamar os vizinhos para que
também escutem?" A resposta afirmativa foi alta.
Meu marido foi
chamar Mrs. Redfield, nossa vizinha mais próxima. É uma senhora muito
delicada. As meninas estavam sentadas na cama, unidas uma à outra e
tremendo de medo. Penso que estava tão calma como estou agora. Mrs.
Redfield veio imediatamente, seriam cerca de sete e meia, pensando que
faria rir às meninas. Mas quando as viu pálidas de terror e quase sem
fala, admirou-se e pensou que havia algo mais sério do que esperava. Fiz
algumas perguntas por ela e as respostas foram como antes. Deram-lhe a
idade exata. Então ela chamou o marido e as mesmas perguntas foram
feitas e respondidas.
Então, Mrs. Redfield chamou Mr. Duesler e
a esposa e várias outras pessoas. Depois, Mr. Duesler chamou o casal
Hyde e o casal Jewell. Mr. Duesler fez muitas perguntas e obteve as
respostas. Em seguida, indiquei vários vizinhos nos quais pude pensar, e
perguntei se havia sido morto por algum deles, mas não tive resposta.
Após isso, Mr. Duesler fez perguntas e obteve as respostas: Perguntou:
"Foi assassinado?" Resposta afirmativa. "Seu assassino pode ser levado
ao tribunal?" Nenhuma resposta. "Pode ser punido pela lei?" Nenhuma
resposta. A seguir, disse: "Se seu assassino não pode ser punido pela
lei dê sinais."As batidas foram ouvidas claramente.
Pelo mesmo
processo Mr. Duesler verificou que ele tinha sido assassinado no quarto
leste, há cinco anos passados, e que o assassinato fora cometido à
meia-noite de uma terça-feira; que fora morto com um golpe de faca de
açougueiro na garganta; que o corpo tinha sido levado para a adega; que
só na noite seguinte é que havia sido enterrado; tinha passado pela
despensa, descido a escada, e enterrado a dez pés abaixo do solo. Também
foi constatado que o motivo fora o dinheiro.
"Qual a quantia:
cem dólares?" Nenhuma resposta. "Duzentos? Trezentos?" etc. Quando
mencionou quinhentos dólares as batidas confirmaram.
Alguns
vizinhos permaneceram na casa aquela noite. Eu e as meninas saímos. Meu
marido ficou toda a noite com Mr. Redfield. No sábado seguinte a casa
ficou superlotada. Durante o dia não se ouviram os sons; mas ao
anoitecer recomeçaram. No domingo pela manhã os ruídos foram ouvidos o
dia inteiro por todos quantos se achavam em casa.
Na noite de
sábado, 1º de abril, começaram a cavar na adega; cavaram até dar n'água;
então pararam. Os sons não foram ouvidos nem na tarde nem na noite de
domingo. Stephen B. Smith e sua esposa, minha filha Marie, bem como meu
filho David S. Fox e sua esposa dormiram na casa aquela noite.
Nada mais ouvi desde então até ontem. Antes de meio-dia, ontem, várias
perguntas foram respondidas da maneira usual. Hoje ouvi os sons várias
vezes.
Não acredito em casas assombradas nem em aparições
sobrenaturais. Lamento que tenha havido tanta curiosidade neste caso.
Isto nos causou muitos aborrecimentos. Foi uma infelicidade morarmos
aqui neste momento. Mas estou ansiosa para que a verdade seja conhecida e
uma verificação correta seja procedida. Ouvi as batidas novamente esta
manhã, terça-feira, 4 de abril. As meninas também ouviram.
Assinado Margaret Fox
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